Simone Duarte pertence a uma dinastia de boxeadores criada na zona leste de São Paulo por Erothildes Ferreira do Carmo, o mestre Balthazar, que morreu ano passado, vítima de um AVC. Nascido em 1930, ele criou 48 filhos, entre adotivos e biológicos.
Simone é sua filha. Ela morava num pequeno quarto no Clube Escola do Tatuapé, onde assistia diariamente às aulas do pai. “Aprendi boxe olhando. Comecei a treinar aos oito anos de idade. O Balthazar não me forçou e também nunca me estimulou a começar. Depois, quando viu que eu levava jeito, me deu toda a força. Onde quer que esteja hoje, estará feliz com a minha carreira”, diz.
Como amadora, Simone disputou 80 lutas. Apanhou em apenas duas. Das 78 vitórias, conseguiu o nocaute em 62.
Apesar de todo o currículo, Simone ainda enfrenta dificuldades para prosseguir na carreira. Para enfrentar a argentina Yesica Marcos, no início do mês, em Mendoza, recebeu as passagens e teve a estada em hotel paga pelos promotores, como é praxe, mas só pôde levar R$ 3 mil para seus gastos pessoais, do treinador e marido Marco Duarte e dos dois filhos, graças a uma vaquinha feita entre comerciantes e amigos de São Vicente. “O boxe é muito ingrato, a gente fica escondido. Felizmente, no último ano dei muita sorte e estou encontrando mais apoio”, diz.
Vaidosa, Simone se orgulha de jamais ter sofrido um ferimento no rosto. No ano retrasado, ela chegou a subir ao ringue com marcas na face, mas foram causadas por um acidente doméstico, com uma panela na qual fazia doce de leite.
A vaidade a ajudou a manter a forma ano passado, quando ficou sem lutar. Dedicada, agora acorda às 5 da manhã para treinar. Em sua preparação para enfrentar Yesica, ela contou com a ajuda de Carlinhos Furacão, boxeador de Santos que chegou a ter a carreira gerenciada por Acelino “Popó” Freitas.
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